Agência Brasil
A inflação oficial do Brasil voltou a acelerar em fevereiro. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 1,31%, a maior variação para o mês desde 2003. Além disso, esse foi o maior índice desde março de 2022, quando chegou a 1,62%.
O aumento foi influenciado principalmente pelo fim do desconto na conta de luz, que havia aliviado a inflação em janeiro. Como resultado, nos últimos 12 meses, a inflação acumulada chegou a 5,06%, ultrapassando o teto da meta do governo, que varia entre 1,5% e 4,5%.
Esse foi o segundo mês consecutivo em que a média móvel anual ficou fora da margem de tolerância do novo sistema de monitoramento.
Energia elétrica lidera a alta e impacta o orçamento
A conta de luz foi a grande vilã da inflação no mês. Com um aumento expressivo de 16,8%, a energia elétrica teve o maior impacto individual no IPCA, contribuindo com 0,56 ponto percentual. O principal fator para essa alta foi o fim do Bônus Itaipu, que havia reduzido os preços em janeiro.
Dessa forma, o grupo Habitação subiu 4,44%, tornando-se o principal responsável pela aceleração da inflação. Caso o impacto da energia elétrica fosse desconsiderado, o IPCA teria sido de 0,78%, ainda assim o maior para fevereiro desde 2024.
Educação e combustíveis também pressionam a inflação
Além da conta de luz, o aumento das mensalidades escolares teve um peso significativo no índice. O grupo Educação avançou 4,7%, impulsionado por reajustes expressivos no:
- Ensino fundamental: +7,51%
- Ensino médio: +7,27%
- Pré-escola: +7,02%
Esse movimento adicionou 0,28 ponto percentual ao IPCA de fevereiro.
Os combustíveis também ficaram mais caros, refletindo o aumento do ICMS. A gasolina subiu 2,78%, exercendo um impacto de 0,14 ponto percentual na inflação. Além disso, o etanol avançou 3,62%, e o diesel teve alta de 4,35%.
Alimentos desaceleram, mas ainda pesam no bolso
Embora os preços dos alimentos continuem subindo, o ritmo de alta desacelerou. O grupo Alimentação e Bebidas registrou variação de 0,70%, menor que os 0,96% observados em janeiro.
Apesar da desaceleração, alguns produtos tiveram aumentos significativos:
- Café moído: +10,77%
- Ovo de galinha: +15,39%
No geral, quatro grupos – Habitação, Educação, Alimentação e Transportes – foram responsáveis por 92% da inflação de fevereiro.
Produtos e serviços com as maiores altas
- Energia elétrica: +16,80%
- Gasolina: +2,78%
- Ensino fundamental: +7,51%
- Café moído: +10,77%
- Ovo de galinha: +15,39%
Alguns itens ficaram mais baratos
Apesar da inflação elevada, alguns produtos e serviços registraram queda nos preços. Entre os destaques estão:
- Passagens aéreas: -20,46%
- Cinema e teatro: -6,96%
- Arroz: -1,61%
- Óleo de soja: -1,98%
O IPCA mede a variação dos preços para famílias com renda entre 1 e 40 salários mínimos. Os dados são coletados pelo IBGE em 16 regiões metropolitanas do Brasil.