
O médico e presidente afastado da Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora, Renato Loures, juntamente com sua filha, Moema Loures, e seu genro, Fábio Gonçalves, enfrentam denúncias do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) por desvio e apropriação de valores públicos e particulares.As investigações apontam para contratos firmados entre o trio e empresas de arquitetura das quais Moema Loures e Fábio Gonçalves são sócios.
Segundo o MPMG, esses contratos estendem-se de outubro de 2012 a junho de 2023. Os desvios, após correções, totalizam aproximadamente R$ 7,9 milhões.A denúncia, originada da Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público de Juiz de Fora e da Coordenadoria Regional das Promotorias de Justiça de Defesa da Saúde da Macrorregião Sanitária Sudeste, foi protocolada em 2 de agosto, mas divulgada apenas hoje, terça-feira (8).Nathália Pereira, arquiteta anteriormente sob investigação, teve seus processos arquivados, segundo os autos.Em resposta, a Santa Casa afirmou que continuará a colaborar com as autoridades, mantém confiança no sistema judiciário e aguardará o desdobramento do processo com serenidade.
A declaração completa da instituição pode ser conferida abaixo.O advogado Thiago Almeida, integrante da equipe de defesa dos acusados, emitiu uma nota em que contesta a veracidade da denúncia. Segundo Almeida, as provas já existentes no processo e aquelas que serão apresentadas durante a investigação demonstrarão que as acusações não procedem. Além disso, Almeida destacou que os serviços foram efetivamente prestados, negando a ocorrência de desvios.
A Operação “No Mercy”, realizada em 16 de junho, culminou no afastamento do médico Renato Loures, então presidente do Conselho de Administração da Santa Casa. O processo alega que Loures teria favorecido a si mesmo, à filha e ao genro através da utilização indevida de recursos hospitalares para serviços prestados pelas empresas da família.O Ministério Público sustenta que Renato Loures contratou as empresas de seus familiares para serviços de arquitetura e design sem a devida concorrência de profissionais do ramo. As empresas de arquitetura foram constituídas em 2012 e 2014, respectivamente, e teriam sido selecionadas para trabalhos na Santa Casa sem consulta ao mercado.
A denúncia inclui acusações de associação criminosa e peculato para Renato Loures, Moema Loures e Fábio Gonçalves. Moema Loures também enfrenta a acusação de falsificação de documentos, após a suspeita de alterações em plantas e projetos encaminhados ao MPMG em 2022.A denúncia requer a destituição dos cargos públicos exercidos pelos denunciados junto à administração pública, direta ou indireta, e por entidades conveniadas ou contratadas pelo poder público.Renato Loures, formado em medicina pela Universidade Federal de Juiz de Fora na década de 1970, é médico da Santa Casa desde 1974 e assumiu sua direção em 2009. Além de suas atividades médicas, ele também esteve envolvido na política, tendo se candidatado a prefeito de Juiz de Fora pelo Progressista (PP) em 2020.