foto: CNN Brasil
A produção industrial brasileira cresceu 1,2% em março na comparação com fevereiro, de acordo com dados divulgados nesta quarta-feira (8 de Maio) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado surpreendeu analistas e foi o melhor desempenho em nove meses, mesmo diante de juros altos, crédito caro e incertezas externas.
A expectativa do mercado da indústria brasileira, segundo pesquisa da Reuters, era de uma alta bem mais modesta, de apenas 0,3%.
Maior avanço desde junho de 2024
Este foi o maior avanço mensal desde junho de 2024, quando a produção havia crescido 4,3%. Em fevereiro deste ano, o setor havia ficado estagnado, e em janeiro houve apenas uma leve alta de 0,1%.
Na comparação com março de 2024, a produção industrial subiu 3,1%, superando novamente as projeções do mercado, que estimavam crescimento de 1,4%. Essa foi a maior taxa brasileira anual desde outubro de 2024 (6,0%).
Com o resultado de março, o setor industrial fechou o primeiro trimestre de 2025 com uma leve alta de 0,1% frente ao último trimestre de 2024. Apesar do avanço, a produção ainda está 14,4% abaixo do pico histórico, registrado em maio de 2011.
Setores puxam crescimento, mas cenário exige cautela da população brasileira
Segundo André Macedo, gerente da pesquisa industrial do IBGE, o crescimento foi disseminado entre os setores. No entanto, ele destaca que a alta representa uma reposição de perdas recentes, e não uma tendência de recuperação sustentada.
“Por enquanto não é uma mudança de trajetória, é uma melhora da situação”, afirmou. “Fatores negativos continuam, como inflação, juros elevados, inadimplência, crédito mais restrito e incertezas internacionais.”
Além disso, economistas esperam uma acomodação da indústria nos próximos meses, com possível desaceleração já em abril, diante da perda de fôlego da economia global e nacional. A desvalorização cambial e o aumento de tarifas de importação pelos Estados Unidos também preocupam.
Destaques do mês: veículos, fármacos e petróleo
Em março, três das quatro grandes categorias econômicas e 16 dos 25 ramos industriais pesquisados pelo IBGE registraram crescimento.
Os destaques foram:
- Coque, derivados do petróleo e biocombustíveis: +3,4%
- Indústrias extrativas: +2,8%
- Produtos farmoquímicos e farmacêuticos: +13,7%
- Veículos automotores, reboques e carrocerias: +4,0%
Entre as categorias econômicas, os melhores desempenhos foram:
- Bens de consumo duráveis: +3,8%
- Bens de consumo semi e não duráveis: +2,4%
- Bens intermediários: +0,3%
A única queda veio dos bens de capital, com recuo de 0,7%, refletindo a cautela nos investimentos produtivos.
Expectativa do mercado brasileira
O mercado aguarda com atenção a decisão do Banco Central sobre a taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 14,25%. A continuidade da política monetária restritiva pode frear ainda mais o ritmo da indústria nos próximos meses.
De acordo com o economista André Valério, do Banco Inter, os dados de março ainda não capturam totalmente os efeitos da incerteza internacional. Ele alerta para a possibilidade de desaceleração em abril, com queda na confiança dos industriais e aumento dos estoques.