Foto: Divulgação / PCDF
A Polícia Civil do Distrito Federal apura a morte de Sarah Raíssa Pereira de Castro, de 8 anos, em Ceilândia (DF). De acordo com a família, a menina inalou desodorante aerossol após ver vídeos do chamado “Desafio do Desodorante” nas redes sociais.
Na última quinta-feira (10 de abril), parentes encontraram a criança desmaiada dentro de casa, segurando um frasco de desodorante. Eles a levaram às pressas ao Hospital Regional de Ceilândia. Mesmo com as tentativas de reanimação por cerca de uma hora, Sarah não apresentou reflexos neurológicos e teve a morte cerebral confirmada no domingo (13 de abril).
Com a abertura de inquérito, a 15ª Delegacia de Polícia busca entender como a menina teve acesso ao conteúdo. O objetivo é identificar os responsáveis pela divulgação do desafio. Conforme a Polícia Civil, os envolvidos podem ser indiciados por homicídio duplamente qualificado, com pena de até 30 anos de prisão.
Outro caso semelhante em Pernambuco
A morte de Sarah ocorreu um mês após um caso semelhante em Pernambuco. No dia 9 de março, Brenda Sophia Melo de Santana, de 11 anos, morreu em Bom Jardim, a cerca de 100 km de Recife. Assim como Sarah, Brenda também inalou desodorante. Sua mãe a encontrou inconsciente e a levou para o hospital, mas a menina não resistiu.
Segundo a prefeitura da cidade, a família já havia alertado a criança sobre o risco desse tipo de prática. O caso levantou novos debates sobre a influência dos desafios virtuais e a exposição precoce de crianças às redes sociais.
Especialistas alertam para os riscos
Camila Carbone Prado, pediatra do Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox), da Unicamp, explica que a inalação de produtos químicos pode causar sérios danos à saúde. “O butano, presente em desodorantes, pode provocar arritmias, asfixia e até parada cardíaca”, afirma.
A médica também ressalta que o atendimento médico rápido é decisivo. “O tempo conta muito. Quanto mais cedo a pessoa for socorrida, maiores são as chances de sobrevivência e menor o risco de sequelas”, explica.
Além disso, Camila destaca que o CIATox já registrou outros casos semelhantes. “Em 2022, atendemos episódios parecidos no Hospital das Clínicas da Unicamp e também prestamos apoio a outras unidades do país”, contou.
Pais devem ficar atentos
Diante da gravidade dos casos, especialistas recomendam que pais e responsáveis conversem com as crianças sobre os perigos de imitar conteúdos da internet. É essencial monitorar o uso de celulares e redes sociais, principalmente entre os mais jovens.