Nesta quarta-feira (6 de novembro), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) deverá anunciar um novo aumento na taxa básica de juros, a Selic.
A decisão ocorre em um cenário de alta do dólar e impactos severos da seca, que têm afetado os preços da energia e alimentos no país.
Esta será a segunda elevação em mais de dois anos, um movimento que busca controlar as pressões inflacionárias.
De acordo com o boletim Focus, que reúne previsões de analistas de mercado, espera-se que a Selic suba 0,5 ponto percentual, alcançando 11,25% ao ano. A previsão é que a taxa feche 2024 em 11,75%. Na última reunião, realizada em setembro, o Copom justificou o aumento com base na resiliência da economia e na pressão sobre o mercado de trabalho.
Inflação em alta
A alta recente do dólar e os efeitos da seca trouxeram novas incertezas para a economia. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado o indicador oficial da inflação, registrou alta de 0,44% em outubro, impulsionado pelo aumento nas contas de luz e nos alimentos. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), alimentos e serviços têm sido os principais responsáveis pela elevação da inflação, que acumula 4,42% em 12 meses, próximo ao teto da meta para 2024.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já havia admitido em setembro que a seca prolongada teria impacto sobre o preço dos alimentos. No entanto, Haddad defendeu que o choque nos preços não deve ser combatido apenas com o aumento dos juros, sugerindo que outras medidas econômicas também devem ser consideradas.
Papel da Selic
A Selic, principal instrumento do BC para controlar a inflação, serve de referência para as demais taxas de juros na economia. Quando o Copom eleva a Selic, o objetivo é conter a demanda aquecida, encarecendo o crédito e estimulando a poupança, o que tende a desacelerar a economia. No entanto, juros elevados também podem frear o crescimento econômico. Por outro lado, uma redução da taxa geralmente facilita o acesso ao crédito, incentivando o consumo e a produção.
O Copom se reúne a cada 45 dias para avaliar a situação econômica e definir a Selic. Na primeira etapa da reunião, são feitas apresentações sobre o cenário econômico nacional e global, e no segundo dia, os membros do comitê deliberam sobre o ajuste da taxa.
Expectativas para 2024
A meta de inflação para 2024, definida pelo Conselho Monetário Nacional, é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos, o que permite que o índice varie entre 1,5% e 4,5%. No entanto, com a alta do dólar e a persistência da seca, as expectativas inflacionárias podem ultrapassar o teto da meta. O Banco Central prevê divulgar um novo relatório de inflação no final de dezembro, quando as estimativas poderão ser revisadas com base nos impactos mais recentes.