Foto: Rosinei Coutinho / STF
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), iniciou nesta terça-feira (21 de outubro de 2025) seu voto no julgamento do núcleo de desinformação, conhecido como núcleo 4. Esse grupo espalhou mentiras e tentou enfraquecer as instituições democráticas. Entre os réus, há um policial federal de Juiz de Fora, apontado como participante do esquema.
Durante a sessão, Moraes explicou que o grupo agiu como uma milícia digital sob comando do ex-presidente Jair Bolsonaro. Além disso, os integrantes usaram estratégias de manipulação e ataques coordenados para justificar a tentativa de golpe e deslegitimar as eleições de 2022.
Ataques a autoridades e definição de “milicianos covardes”
O ministro destacou que o núcleo lançou ataques contra os comandantes do Exército, general Marco Antonio Freire Gomes, e da Aeronáutica, tenente-brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Junior, que se recusaram a apoiar o golpe. Moraes afirmou que os acusados formaram uma organização criminosa. Ele disse ainda que os integrantes são “milicianos covardes que atacam inimigos e também seus familiares”.
Além disso, o ministro reforçou que os ataques buscavam desestabilizar a democracia e enfraquecer a confiança pública nas instituições. Segundo ele, essas ações não configuram liberdade de expressão, mas sim crimes previstos no Código Penal.
Uso da Abin e criação da “Abin Paralela”
Moraes explicou que servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) usaram sistemas da instituição para criar notícias falsas, atacar autoridades e monitorar ministros do STF. Essa estrutura recebeu o nome de “Abin Paralela” e funcionou como uma célula de inteligência miliciana voltada a desacreditar as instituições.
Segundo o relator, a Abin Paralela buscava minar a confiança nas urnas eletrônicas e nas eleições, abrindo caminho para a permanência de um grupo político no poder, sem respeitar a vontade popular.
Acusações e responsabilidade criminal
Os réus do núcleo 4 respondem por organização criminosa armada, tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, deterioração de patrimônio tombado e dano qualificado contra o patrimônio da União.
As defesas tentaram reduzir a participação dos acusados, mas Moraes afirmou que todos tiveram envolvimento direto nos atos e devem responder pelos crimes. Ele acrescentou que os núcleos da trama golpista atuavam de forma coordenada e cumpriam funções distintas, mas convergentes para um mesmo objetivo.
O julgamento seguirá com os ministros Cristiano Zanin, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Flávio Dino. As penas serão definidas ao final, caso a maioria vote por condenação.