Foto: Carolina de Paula / UFJF
Desde o início da semana, o Sistema Único de Saúde (SUS) passou a aplicar a vacina meningocócica ACWY como dose de reforço em crianças com 12 meses. Antes da mudança, a rede pública utilizava a vacina meningocócica C nessa faixa etária. Agora, o novo esquema amplia a proteção ao incluir os sorogrupos A, C, W e Y.
O esquema atualizado oferece duas doses da meningocócica C aos 3 e 5 meses de idade. Em seguida, o SUS aplica a ACWY como reforço aos 12 meses. Entre os 11 e os 14 anos, os adolescentes também devem receber a ACWY em dose única ou como reforço, conforme o histórico vacinal individual.
Segundo o Ministério da Saúde, crianças que já tomaram três doses da meningocócica C (incluindo o reforço) não precisam da ACWY neste momento. Em contrapartida, aquelas que ainda não foram vacinadas aos 12 meses podem receber a ACWY como dose de reforço.
Imunizante é seguro e não causa a doença
A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) explica que a vacina ACWY é inativada. Portanto, não existe risco de causar a meningite. A entidade só contraindica o uso em pessoas com histórico de anafilaxia associada à vacina ou a qualquer um de seus componentes.
A administração ocorre exclusivamente por via intramuscular profunda. A SBIm recomenda adiar a vacinação em caso de febre e utilizar compressas frias para aliviar possíveis reações no local da aplicação. Caso necessário, o uso de analgésicos deve seguir prescrição médica.
Se surgir qualquer sintoma grave ou inesperado após a vacina, a pessoa deve comunicar imediatamente a unidade responsável pela aplicação. Quando os efeitos persistem por mais de 24 a 72 horas, os profissionais precisam investigar outras causas. A ACWY pode ser aplicada no mesmo dia da meningocócica B.
Reações adversas costumam ser leves e transitórias
A SBIm informa que cerca de 10% dos vacinados apresentam reações como dor, vermelhidão, inchaço no local da aplicação, febre, dor de cabeça, calafrios, cansaço ou irritabilidade. Já entre 1% e 10%, ocorrem sintomas como náusea, diarreia, vômito, dor nas articulações ou erupções cutâneas.
Em uma faixa menor, de 0,1% a 1%, surgem casos de insônia, coceira, vertigem ou dor nas mãos e pés. Apenas 0,01% a 0,1% dos pacientes, principalmente adultos, registram inchaço extenso no membro vacinado. Ainda assim, todas as reações tendem a desaparecer em até 72 horas.
Casos de meningite passam de 4 mil em 2025
O Ministério da Saúde confirmou 4.406 casos de meningite em 2025 até o momento. Entre eles, 1.731 correspondem à forma bacteriana, 1.584 à viral e 1.091 a causas diversas ou não identificadas. Diante desses números, a ampliação da cobertura vacinal ganha ainda mais importância.
Além da ACWY, o SUS disponibiliza outras vacinas que ajudam a prevenir a meningite. Entre elas, destacam-se a BCG, a penta e as pneumocócicas 10, 13 e 23-valente.
Doença grave exige diagnóstico rápido
A meningite inflama as meninges, membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal. Apesar das causas mais comuns envolverem bactérias e vírus, a doença também pode ter origem em fungos, parasitas ou até fatores não infecciosos, como câncer, lúpus ou traumas.
O Ministério da Saúde alerta que as meningites bacterianas costumam se intensificar no outono e no inverno. Já as virais prevalecem entre a primavera e o verão. Por isso, a vacinação permanece como uma das principais estratégias de prevenção, especialmente entre crianças e adolescentes.