Foto: PJF
Desde o fim de março, o quadro “Limpando Metais”, de Armando Martins Vianna, integra a exposição Dignidade e Luta: Laudelina de Campos Mello. A mostra está em cartaz no Instituto Moreira Salles (IMS), em Poços de Caldas, no Sul de Minas. O acervo da Fundação Museu Mariano Procópio (Mapro) cedeu a obra para contribuir com a homenagem à ativista, que fundou o primeiro sindicato das empregadas domésticas do país.
Além de valorizar a arte nacional, a exposição promove reflexões sobre justiça social, direitos das mulheres e igualdade racial.
Parceria fortalece o alcance da museologia pública
De acordo com a diretora-geral da Mapro, Ana Maria Werneck, o empréstimo da obra reforça o papel social dos museus. Para ela, participar de uma exposição organizada por uma instituição como o IMS amplia os horizontes do trabalho museológico.
Além disso, a parceria permite que públicos de diferentes regiões tenham acesso ao acervo da Mapro. “Esse tipo de iniciativa está alinhado ao que acreditamos como museologia ativa e conectada”, afirmou Ana Maria.
Obra provoca reflexão sobre a mulher negra
Segundo a pesquisadora Maraliz de Castro Vieira, o quadro representa mais do que uma cena doméstica. “Limpando Metais” convida o público a pensar sobre o papel da mulher negra na sociedade e nas artes visuais, especialmente na década de 1920.
Por esse motivo, a pesquisadora analisa o impacto da obra em seu artigo “Algo além do moderno: a mulher negra na pintura brasileira no início do século XX”. Assim, ela evidencia como essas figuras femininas eram limitadas socialmente, ainda que marcassem presença na produção artística.
Laudelina: exemplo de liderança e resistência
Nascida em Poços de Caldas, Laudelina de Campos Mello teve papel fundamental na valorização do trabalho doméstico. Com sua atuação sindical, ela fundou o primeiro sindicato da categoria no Brasil. Além disso, tornou-se uma voz importante na luta antirracista e pelos direitos das mulheres negras.
A exposição foi inaugurada no dia 22 de março e segue aberta ao público até 14 de setembro. A entrada é gratuita, o que reforça o compromisso com o acesso democrático à cultura.
Museu mantém programação ativa em Juiz de Fora
Depois do encerramento da mostra em Poços de Caldas, o quadro retornará ao acervo do Museu Mariano Procópio. Enquanto isso, o público pode visitar a exposição “Fios de Memórias”, em cartaz na própria Mapro, em Juiz de Fora.
Além disso, a mostra reúne obras de artistas negros que contribuíram para a luta antirracista no Brasil. Mesmo durante os feriados da Semana Santa, o museu funciona normalmente, de terça a domingo. De quinta-feira a domingo de Páscoa, o horário é das 10h30 às 16h.