Foto: Marcelo Camargo
Nos primeiros nove meses de 2024, o Brasil sofreu com incêndios que devastaram 22,38 milhões de hectares, de acordo com dados do Monitor do Fogo, divulgado nesta sexta-feira (11 de outubro) pelo MapBiomas.
Só em setembro, o fogo consumiu 10,65 milhões de hectares, o que representa quase metade da área queimada no acumulado do ano até agosto.
O impacto em 2024 já é 150% maior do que o registrado no mesmo período de 2023, quando o fogo destruiu 8,98 milhões de hectares. A vegetação nativa foi a principal vítima, correspondendo a 73% das áreas atingidas, com destaque para as formações florestais. Além disso, áreas de uso agropecuário também foram severamente impactadas, representando 20,5% do total.
Mato Grosso, Pará e Tocantins concentraram mais da metade da área total queimada no país, com destaque para os 5,5 milhões de hectares devastados em Mato Grosso, 4,6 milhões no Pará e 2,6 milhões no Tocantins. Entre os municípios mais afetados, São Félix do Xingu (PA) liderou, seguido por Corumbá (MS).
Amazônia é o bioma mais afetado
A Amazônia foi o bioma mais atingido pelos incêndios em 2024, com 51% da área total devastada no país. Foram 11,3 milhões de hectares destruídos pelo fogo, principalmente em setembro, quando 5,5 milhões de hectares da floresta amazônica foram consumidos. De acordo com Ane Alencar, diretora de ciências do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), a gravidade dos incêndios está ligada à seca severa e às mudanças climáticas, que intensificaram as queimadas na região.
Cerrado e Pantanal enfrentam maiores perdas em anos
O Cerrado também sofreu fortemente, com 8,4 milhões de hectares queimados entre janeiro e setembro de 2024. O mês de setembro foi o mais crítico, com 4,3 milhões de hectares devastados, representando a maior área queimada nos últimos cinco anos para o período. Segundo Vera Arruda, pesquisadora do Ipam, a seca extrema no bioma facilita a rápida propagação do fogo, que impacta até a qualidade do ar nas áreas urbanas.
No Pantanal, o cenário foi ainda mais preocupante, com um aumento de 2.306% na área queimada em comparação à média dos últimos cinco anos. Em 2024, 1,5 milhão de hectares foram destruídos, sendo 318 mil apenas em setembro.
Outros biomas
Outros biomas como a Mata Atlântica, com 896 mil hectares queimados, e a Caatinga e os Pampas, que apresentaram áreas menores afetadas, também registraram impacto dos incêndios.