No mês de janeiro de 2024, Juiz de Fora e todo o Brasil enfrentaram uma onda de calor recorde, marcando o oitavo mês consecutivo de altas temperaturas, segundo o Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus. A exposição prolongada ao calor extremo está impactando diretamente trabalhadores que desempenham atividades ao ar livre, como limpeza de ruas, construção civil e distribuição de panfletos.

Os relatos dos profissionais ouvidos pela Tribuna revelam os desafios enfrentados diante das condições climáticas adversas. A.B., limpadora de ruas no Demlurb, compartilha sua experiência de como os dias de calor se tornaram insuportáveis, afetando seu ânimo e desempenho. A sensação de que o trabalho dobra, mesmo com o uso de protetor solar e blusa térmica, torna a jornada exaustiva, especialmente nos momentos de pico de temperatura.




A.P., ajudante de obra na construção civil, destaca a dificuldade do esforço físico em dias com sensação térmica próxima dos 40 graus. Mesmo com acesso a protetor solar, água e pausas, a produtividade é comprometida, e há receios de complicações de saúde entre os trabalhadores. O Sinduscon-JF ressalta a queda de produtividade, especialmente nas fases iniciais das obras, devido à exposição direta ao sol.

Em canteiros da cidade, E.P. e F.M., envolvidos na capinagem, ressaltam a importância do uso de roupas adequadas e óculos, mas destacam a ingestão contínua de água como fundamental para enfrentar os desafios. Apesar de reconhecerem a dificuldade da situação, eles expressam a preocupação com possíveis impactos nas rotinas de trabalho e prazos caso medidas mais drásticas sejam adotadas.




A falta de legislação e de preparo para lidar com condições climáticas extremas é evidenciada pelos trabalhadores, que clamam por revisão nas práticas de trabalho e medidas de segurança mais eficazes. A entrevista anterior com Aurélio Marangon, do Sinduscon-JF, ressalta a necessidade de repensar estratégias, especialmente nas fases iniciais das obras.

Com a expectativa de mudanças climáticas contínuas, trabalhadores e empregadores são desafiados a adaptarem-se a novas realidades, garantindo a saúde e bem-estar da força de trabalho, enquanto buscam soluções sustentáveis para lidar com as condições climáticas extremas cada vez mais frequentes.