A violência contra pessoas em situação de rua aumentou de forma alarmante em Minas Gerais neste ano. Entre janeiro e setembro de 2025, 40 pessoas foram assassinadas no estado, o que representa um crescimento de quase 50% em comparação com o mesmo período de 2024.
Em Belo Horizonte, o número de homicídios subiu 43%. Além disso, os casos de agressão e lesão corporal também cresceram. Somente na capital mineira, foram registrados 56 episódios de agressão e 155 de lesão corporal contra pessoas em situação de vulnerabilidade.
Crescimento preocupa entidades de direitos humanos
De acordo com o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, o Disque 100 recebeu 724 denúncias de violações de direitos de pessoas em situação de rua em todo o país, entre janeiro e setembro. Em Belo Horizonte, foram 218 vítimas — em casos que envolvem agressões físicas, negligência e outros tipos de violência.
Governo promete reforçar apoio socia
Para tentar reverter esse cenário, o Governo de Minas informou que vem ampliando ações de apoio à população em situação de rua. O estado tem oferecido capacitação aos municípios e repassado recursos por meio do Piso Mineiro de Assistência Social, que neste ano somou quase R$ 131 milhões.
Com esse valor, o governo auxilia na manutenção de Centros Pop, abrigos, casas de passagem e repúblicas. Além disso, segundo a administração estadual, a meta é fortalecer a rede de proteção social e garantir mais dignidade a esse público.
“Viver na rua exige coragem”
Enquanto isso, o levantamento do grupo Polos de Cidadania, da Faculdade de Direito da UFMG, mostra que o Brasil possui 358.553 pessoas em situação de rua, sendo 61% na Região Sudeste. Minas Gerais ocupa o terceiro lugar, com 32.685 pessoas, atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro.
Projetos de acolhimento oferecem esperanç
Apesar das dificuldades, diversos projetos de acolhimento têm transformado vidas. A Pastoral de Rua da Arquidiocese de Belo Horizonte é um dos exemplos. O grupo oferece refeições, apoio espiritual e escuta acolhedora para quem precisa.
“Nós somos uma porta aberta. Acolhemos como as pessoas chegam, cansadas e precisando de descanso e escuta”, explicou Claudenice Rodrigues Lopes, coordenadora da Pastoral.
Por meio dessas ações, histórias de superação surgem. Rafael Roberto Fonseca da Silva, que viveu nas ruas por mais de 10 anos, hoje trabalha como agente social.
“O que fez diferença foi a acolhida. Perdi minha mãe, minha família se desestruturou e fui parar na rua. Mas fui ouvido, e isso me deu força pra mudar”, lembrou.
Da mesma forma, Graziele Soares da Silva, também agente social, encontrou apoio após viver nove anos de violência doméstica. “Eu não tinha pra onde ir. Hoje posso ajudar quem vive o que eu vivi”, relatou.
Caminho de empatia e políticas públicas
O aumento da violência reforça a necessidade de ações integradas entre governo, sociedade e entidades sociais. Portanto, combater o preconceito e ampliar políticas de acolhimento são passos essenciais para reduzir a vulnerabilidade e garantir dignidade a quem vive nas ruas de Minas Gerais.