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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira (9 de julho) a criação de uma tarifa de 50% sobre todas as exportações brasileiras. A cobrança começa a valer no dia 1º de agosto e, segundo ele, se aplicará a qualquer produto enviado do Brasil para os EUA, sem exceção.
A decisão surpreendeu o governo brasileiro e chegou em um momento de tensão diplomática. Trump enviou uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em que explicou os motivos para adotar a medida. Entre os argumentos, ele apontou um suposto tratamento injusto dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro, atualmente réu no Supremo Tribunal Federal (STF).
Trump acusa Brasil de práticas injustas no comércio internacional
No comunicado, Trump afirmou que o Brasil, ao longo dos anos, estabeleceu barreiras comerciais que prejudicam empresas e produtos norte-americanos. Ele classificou o relacionamento bilateral como desequilibrado e disse que os Estados Unidos precisam reverter esse cenário.
Além disso, ele criticou decisões da Justiça brasileira que atingem aliados de Bolsonaro. Para o presidente americano, a situação atual viola princípios democráticos, incluindo a liberdade de expressão e o funcionamento do livre mercado digital.
Trump deixou claro que sua decisão não se limita ao aspecto comercial. Conforme afirmou, a medida também reflete preocupações políticas e institucionais. Ainda assim, ele avisou que poderá ampliar a tarifa caso o Brasil tente reagir com sanções ou barreiras semelhantes.
Tarifa de 50% valerá para todos os produtos brasileiros
A nova regra valerá de forma abrangente. Trump destacou que qualquer tentativa de driblar a medida — por meio de triangulações comerciais com outros países — resultará na aplicação da tarifa de 50% mesmo assim. Dessa forma, o governo americano pretende evitar qualquer brecha que permita a entrada de produtos brasileiros com menor custo.
Ele ainda acrescentou que, apesar de a tarifa ser pesada, ela representa apenas o primeiro passo de uma mudança mais ampla nas relações econômicas com o Brasil. Segundo o presidente dos EUA, o objetivo principal é corrigir o que classificou como “décadas de desvantagem comercial”.
Governo brasileiro se mobiliza após anúncio
Logo após receber a carta, o governo brasileiro iniciou articulações para avaliar as consequências da decisão. O presidente Lula reuniu seus principais ministros no Palácio do Planalto, ainda na noite de quarta-feira. A equipe econômica e a diplomacia brasileira estudam medidas legais para proteger a indústria nacional.
Embora Trump tenha dito que a tarifa busca equilíbrio, os números mais recentes apontam um superávit dos Estados Unidos na balança comercial com o Brasil. De acordo com dados do próprio governo americano, esse excedente chega a US$ 410 bilhões nos últimos 15 anos.
Por isso, o Brasil considera a justificativa americana frágil e fora de contexto. No entanto, ainda não há uma decisão oficial sobre contramedidas. Até o momento, o governo se limitou a afirmar que usará todos os mecanismos legais disponíveis para defender os interesses nacionais.