Foto: João Gabriel
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) reacendeu o debate sobre a volta do horário de verão. A proposta surgiu no Plano da Operação Energética (PEN 2025), divulgado na terça-feira (8 de julho). O documento aponta a dificuldade do sistema em atender à demanda nos horários de pico entre 2025 e 2029.
Caso o país não realize leilões de potência nos próximos anos, o fornecimento de energia enfrentará sérios riscos, principalmente no final da tarde. Por esse motivo, o ONS considera medidas emergenciais. Entre elas, está o retorno do horário de verão, suspenso em 2019.
Fontes intermitentes criam novos desafios
Embora a geração de energia tenha crescido, esse aumento veio das fontes renováveis intermitentes, como solar, eólica e MMGD (mini e microgeração distribuída). Durante o dia, essas fontes oferecem bons resultados. No entanto, à noite, o rendimento cai justamente quando a população consome mais energia.
Como resultado, o sistema exige maior flexibilidade operacional. Para suprir essa demanda, o ONS sugere o uso de usinas térmicas que respondam rapidamente. Além disso, o horário de verão pode colaborar ao transferir parte do consumo para momentos com maior geração solar.
Sistema terá expansão, mas exigirá atenção
Até 2029, o Brasil deve ampliar em 36 gigawatts sua capacidade instalada, atingindo 268 GW. A energia solar, somada à MMGD, representará 32,9% da matriz elétrica, tornando-se a segunda maior fonte do Sistema Interligado Nacional (SIN).
Mesmo com essa expansão, o ONS vê desafios. Por isso, o sistema precisará de fontes controláveis, como as hidrelétricas, e também de térmicas com acionamento ágil. Assim, será possível equilibrar a oferta e a demanda em tempo real.
Segundo semestre já exigirá ações concretas
A partir de outubro deste ano, o sistema enfrentará pressões maiores. O ONS já estima a necessidade de usar reservas de potência durante todo o segundo semestre de 2025. Por isso, o órgão descarta o uso de termelétricas com operação lenta e inflexível.
O sistema, portanto, exige fontes dinâmicas. O ONS defende soluções capazes de lidar com as variações diárias do consumo e da geração intermitente. A adoção do horário de verão surge, assim, como uma medida viável, dependendo das projeções dos próximos meses.