
Foto: João Gabriel
Nos últimos dez anos, Juiz de Fora e mais de 80 cidades da Zona da Mata somaram 139.543 acidentes de trânsito, segundo dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp-MG). Desse total, 53.701 envolveram vítimas que precisaram de atendimento, o que representa cerca de 40% das ocorrências.
Esse volume revela uma média preocupante: são aproximadamente 14 acidentes por dia na região. A frequência elevada reforça a necessidade de ações urgentes para tornar o trânsito mais seguro.
Especialista critica imprudência dos motoristas
De acordo com o especialista em mobilidade urbana, José Luiz Britto Bastos, nenhuma morte no trânsito é aceitável. Para ele, os números demonstram condutas irresponsáveis e negligentes por parte dos condutores. Por isso, ele defende fiscalização mais firme, com uso intensivo de radares e multas mais severas para coibir o excesso de velocidade.
Além disso, Bastos destaca que a cultura de desrespeito às regras de trânsito se mantém como o maior obstáculo. Conforme sua análise, o comportamento humano continua sendo o principal vilão nas estatísticas de acidentes.
Redução recente ainda não reflete mudança real
Entre janeiro e maio de 2025, foram registrados 1.640 acidentes com vítimas. No mesmo período do ano anterior, esse número foi de 1.703. Embora a diferença pareça pequena, ela representa 63 vidas potencialmente poupadas. No entanto, o especialista afirma que essa queda não indica uma melhora efetiva. Segundo ele, seria necessário um recuo mais expressivo para considerar mudanças reais de comportamento.
Perfil das vítimas e vias mais perigosas
Ao longo dos últimos dez anos, os acidentes com vítimas causaram 68.855 feridos, entre eles 1.619 mortes. A maioria das ocorrências (37.109) resultou em ferimentos leves, enquanto 7.896 casos foram considerados graves.
A maior parte das vítimas é do sexo masculino (72%) e tem entre 18 e 29 anos, o que demonstra a vulnerabilidade dos motoristas jovens. Além disso, três avenidas lideram o ranking de acidentes:
- Barão do Rio Branco, com 2.150 registros
- Avenida JK, com 1.802
- Avenida Brasil (margem direita), com 1.225
Medidas propostas para mudar o cenário
Para mudar esse panorama, Bastos propõe reduzir o limite de velocidade nas áreas centrais para 30 km/h. De acordo com estudos internacionais, quando um veículo trafega a essa velocidade, a chance de sobrevivência de um pedestre atropelado chega a 90%. Por outro lado, a 60 km/h, a probabilidade cai drasticamente para 10%.
Ele também defende que os gestores adotem medidas voltadas para a mobilidade ativa, como incentivo ao uso de bicicletas, transporte público e deslocamentos a pé. Além disso, é fundamental repensar o modelo urbano, priorizando as pessoas em vez dos veículos.
Entretanto, o especialista reforça que nenhuma mudança será possível sem vontade política e comprometimento com a vida.
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