Foto: Agência Brasil
Começou no sábado (26 de Abril) a Semana de Vacinação nas Américas, com ações programadas até o dia 3 de maio. A meta dos países do continente é ambiciosa: aplicar 66,5 milhões de doses de vacinas contra sarampo.
A campanha busca ampliar as coberturas vacinais, que vêm caindo nos últimos anos em diversos países. Além disso, o tema desta edição — “Sua decisão faz a diferença” — reforça o papel de cada cidadão na proteção coletiva.
Sarampo em alerta
Neste ano, o maior foco é a prevenção contra o sarampo. A doença voltou a preocupar após surtos registrados nos Estados Unidos, Canadá e México. Juntos, os três países já somam mais de 2.600 casos e três mortes.
Em comparação, no mesmo período de 2024, haviam sido notificados apenas 215 casos. Dessa forma, o aumento é mais de dez vezes maior.
No Brasil, o cenário ainda é estável. O país voltou a receber o certificado de livre do sarampo em 2023, após interromper a transmissão sustentada. No entanto, alguns casos pontuais foram registrados em 2025.
Por isso, o Ministério da Saúde convoca todos que não tomaram a vacina tríplice viral — ou que não se lembram — a se imunizar o quanto antes. Essa dose protege contra o sarampo, a caxumba e a rubéola.
Brasil como exemplo regional de vacinação de Sarampo
Segundo Luciana Phebo, chefe de Saúde e Nutrição do Unicef no Brasil, o país tem papel de destaque nas Américas.
“O Brasil tem grande influência regional. Além disso, sempre foi referência mundial em vacinação.”
Ela explica que o sarampo é altamente contagioso e perigoso, principalmente para crianças desnutridas. Assim, manter a doença sob controle é sinal de que o programa nacional de imunização está funcionando bem.
Febre amarela também preocupa
Outra doença sob vigilância é a febre amarela. Em 2025, já foram 189 casos confirmados nas Américas — o triplo do total registrado no ano passado. O Brasil concentra mais da metade, com 102 casos e 41 mortes.
Por esse motivo, a vacina contra a febre amarela continua sendo fundamental, principalmente em áreas de risco.
Eliminar doenças até 2030
A campanha da Opas está alinhada a um objetivo mais amplo: eliminar mais de 30 doenças até 2030. Destas, 11 podem ser prevenidas por vacinas, como hepatite B, meningite bacteriana e o câncer de colo de útero.
Além de proteger vidas, a iniciativa busca fortalecer os sistemas públicos de saúde na região.
Doenças não respeitam fronteiras
Akira Homma, da Fiocruz, alerta para os riscos da baixa cobertura vacinal em países vizinhos.
“Os agentes infecciosos não têm fronteiras. Por isso, precisamos vacinar todos para manter o controle.”
Enquanto isso, a desinformação continua sendo um obstáculo. Lurdinha Maia, também pesquisadora da Fiocruz, destaca que é preciso adaptar a comunicação às diferentes realidades locais.
“Em vez de falar só de eficácia, temos que traduzir isso para o dia a dia das pessoas. Dessa forma, a informação realmente chega.”
Acesso precisa melhorar
Ambos os especialistas coordenaram, entre 2021 e 2023, o Projeto pela Reconquista das Altas Coberturas Vacinais. Ele ajudou Amapá e Paraíba a melhorarem seus índices de vacinação.
De acordo com eles, um dos maiores entraves é o acesso aos postos. No Rio de Janeiro, por exemplo, centros especiais funcionam até à noite e aos fins de semana.
Assim, é possível atender quem não tem disponibilidade durante o horário comercial.
“A vacina tem que ir até o povo. Por isso, precisamos de ações em metrôs, shoppings e aeroportos”, defende Lurdinha.