Agência Brasil
Apesar da redução do desemprego e do crescimento econômico, a desigualdade de gênero no mercado de trabalho persiste. De acordo com um estudo do Dieese, baseado na Pnad Contínua do terceiro trimestre de 2024, 7,7% das mulheres estavam desempregadas, enquanto a taxa entre os homens era de 5,3%.
Além disso, quando se analisa a situação das mulheres negras, os números se tornam ainda mais preocupantes. Quase um quarto delas está em uma situação de subutilização da força de trabalho, o que significa que estão desempregadas, trabalham menos do que poderiam ou enfrentam dificuldades para encontrar uma vaga disponível.
Dupla jornada agrava desigualdade
Outro ponto que contribui para essa realidade é a sobrecarga com tarefas domésticas. De acordo com estimativas do Dieese, as mulheres dedicam 21 dias a mais por ano aos afazeres domésticos em comparação aos homens. Esse fator, portanto, limita suas oportunidades de qualificação e crescimento profissional.
A professora Gláucia Fraccaro, da Universidade Federal de Santa Catarina, destaca a importância da jornada de trabalho na vida das mulheres:
“A carga horária impacta diretamente a qualidade de vida. Afinal, quem precisa dividir o tempo entre casa, família e emprego tem menos chances de se qualificar e alcançar melhores oportunidades no mercado.”
Mulheres ganham menos, mesmo em cargos de liderança
Além das dificuldades para conseguir um emprego, a desigualdade salarial continua evidente. Em média, as mulheres ganham R$ 762 a menos que os homens. Contudo, essa diferença se torna ainda mais expressiva quando se trata de cargos de liderança, nos quais pode chegar a R$ 40 mil.
Nos últimos anos, algumas iniciativas têm buscado reduzir essa disparidade. A Lei da Igualdade Salarial, por exemplo, já apresenta efeitos positivos ao exigir maior transparência e fiscalização sobre a remuneração. Segundo Gláucia Fraccaro:
“A legislação fortalece o monitoramento de empregos formais e melhora a inserção das mulheres no mercado, além de contribuir para a qualidade dessas ocupações.”
Igualdade de gênero e democracia: desafios para o futuro
Neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, as discussões sobre igualdade de gênero ganham ainda mais força. Afinal, garantir melhores condições de trabalho para as mulheres não é apenas uma questão de justiça social, mas também um passo essencial para fortalecer a economia e a democracia.
Como ressalta a professora Gláucia Fraccaro:
“As mulheres que ganham pouco e estão fora do sistema de Seguridade Social continuam sendo invisibilizadas. Portanto, é essencial trazer essa discussão para o centro do debate público e buscar soluções concretas para um país mais justo e produtivo.”