Ano letivo começa com restrição de celulares nas escolas, saiba como vai funcionar

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O novo ano letivo traz uma mudança significativa nas escolas de todo o Brasil: a Lei Federal 15.100, sancionada em janeiro, estabelece a restrição do uso de celulares durante o período escolar, incluindo aulas, recreios e intervalos. Essa medida, que já foi adotada em outros países como França e Dinamarca, busca combater os efeitos negativos do uso excessivo de dispositivos móveis na saúde física, mental e no desempenho escolar de crianças e adolescentes.

A proibição também inclui outros aparelhos portáteis, como tablets e relógios inteligentes, garantindo que os estudantes utilizem a tecnologia de forma controlada e apenas quando autorizado pelos professores para fins pedagógicos.

Por que a restrição?

O Ministério da Educação (MEC) destaca que o uso excessivo de celulares prejudica a concentração dos alunos e afeta sua interação social. Dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) mostram que 8 em cada 10 estudantes brasileiros de 15 anos se distraiem com o celular durante as aulas de matemática, o que afeta diretamente seu aprendizado.

“Queremos otimizar o uso da tecnologia, aproveitando seus benefícios, mas minimizando seus efeitos nocivos no desenvolvimento dos jovens”, afirmou Kátia Schweickardt, secretária de Educação Básica do MEC.

Como será a implementação?

As escolas terão autonomia para definir como aplicar a nova regra, podendo optar por guardar os dispositivos em armários ou caixas coletivas, com a orientação de pais, alunos e professores. A fiscalização ficará a cargo das secretarias estaduais e municipais de educação, mas não há multas previstas para as instituições que não cumprirem a medida.

E quando o celular pode ser usado?

A lei permite o uso pedagógico do celular, sempre com a autorização dos educadores. O uso de dispositivos é considerado adequado quando serve para enriquecer o aprendizado, especialmente em contextos de desigualdade social, onde a educação digital pode desempenhar um papel importante. Para questões de saúde ou emergências, os alunos podem se comunicar com as famílias, mas sempre com o conhecimento da escola.

O papel dos pais

O MEC orienta que os pais também desempenhem um papel ativo, conscientizando os filhos sobre os limites do uso de dispositivos fora da escola. Camilo Santana, ministro da Educação, reforçou a importância de os pais colaborarem para minimizar os impactos do uso excessivo de telas em casa, já que esses aparelhos podem prejudicar o desenvolvimento das crianças, incluindo questões como miopia e sobrepeso.

Benefícios esperados

Especialistas acreditam que a medida favorece a socialização entre os alunos, ao incentivá-los a interagir mais pessoalmente. Elson Simões de Paiva, presidente do Sindicato dos Professores do Rio de Janeiro, afirmou que o controle do uso de celulares nas escolas ajudará a melhorar a qualidade das relações sociais dos estudantes.

A decisão também visa proteger os menores de conteúdos impróprios na internet, um problema crescente no ambiente digital. Para as crianças pequenas, o MEC sugere atividades que estimulem a criatividade e o desenvolvimento motor, sem o uso de dispositivos digitais.

O futuro da educação digital

Com a crescente digitalização da educação, o desafio será encontrar um equilíbrio entre o uso de tecnologias e os cuidados com a saúde e o bem-estar dos alunos. As escolas deverão trabalhar em parceria com as famílias para garantir que os benefícios da tecnologia sejam aproveitados de forma positiva.