A onda de calor chega ao fim nas próximas horas com temporais. Há dias, nas redes sociais, as pessoas comentam que é impossível que o calorão termine sem a ocorrência de tempestades, o que é correto. Alguns chegam a exagerar dizendo que, com uma onda de calor tão poderosa e de duas semanas de duração, “os temporais vão varrer metade do Sul do Brasil”.
Não, isso não ocorrerá. Haverá chuva que será localmente volumosa e temporais, em diversas regiões, em várias cidades, dos três estados do Sul, mas não em tudo que é município e não com intensidade severa em todos os locais que vierem a registrar.
Com uma massa de ar excepcionalmente quente, produzindo sucessivos recordes de temperatura máxima e marcas jamais vistas em décadas em diversas regiões, o calor extremo acaba injetando uma quantidade de energia na atmosfera que é enorme e a forma que o sistema atmosférico libera tal energia é por tempestades.
O calor aumenta, portanto, a probabilidade de tempestades serem mais severas. Por isso, as repetidas advertências nossas dia após dia de temporais isolados há quase duas semanas, o que vem se confirmando com notícias diárias de estragos por tempestades. No caso de hoje, os temporais ocorrem pelo mesmo motivo dos dias anteriores que é o excessivo calor, mas no caso do Rio Grande do Sul com uma particularidade: a aproximação da frente fria estimulará instabilidade.
Projeção de refletividade do modelo WRF para o fim da tarde de hoje Projeção de refletividade do modelo WRF para o fim da tarde de quinta (27) Projeção de refletividade do modelo WRF para o fim da tarde de sexta (28) Nesta quarta, da tarde para a noite, há risco de temporais isolados, sublinhe-se isolados, no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e no Paraná.
Não é possível determinar horas antes quais cidades serão as afetadas, mas os três estados do Sul têm alta probabilidade de ocorrências. No caso de hoje, o risco de temporais é maior nesta quarta no estado gaúcho, e pelo nosso entendimento principalmente na faixa central e na Metade Norte, onde a temperatura estará mais elevada.
A partir de amanhã muda a dinâmica dos temporais. O tempo severo decorrerá do avanço da frente fria. Ar mais frio que estará ingressando no Rio Grande do Sul encontrará a massa de ar muito quente, gerando nuvens carregadas. O risco de temporais amanhã (quinta) será muito baixo a baixo na Metade Sul, médio na Metade Norte gaúcha, e alto a muito alto em Santa Catarina e no Paraná. Na sexta, a probabilidade de tempo severo é nula a muito baixa no caso do estado gaúcho e alta no Paraná. Estes temporais localizados de hoje, mais no Rio Grande do Sul, e entre amanhã e sexta em Santa Catarina e no Paraná, podem ser localmente fortes a severos com chuva extrema em curto período que podem gerar alagamentos e inundações repentinas, vendavais e queda de granizo de variado tamanho.
Preocupa, sobretudo, o risco de vendavais que em alguns pontos podem ser muito fortes e com danos. Episódios severos muito isolados de vento como micro-explosões (downbursts) são possíveis. VENTO NO INGRESSO DE AR MAIS FRIO Na sequência da frente fria, uma massa de ar mais frio vai ingressar no Sul do Brasil durante esta quinta-feira, derrubando a temperatura e colocando fim à onda de calor na maior parte da região. O vento vai passar a soprar do quadrante Sul, acompanhando a chegado do ar mais frio, e a temperatura passará a ser agradável. Por isso, a Grande Porto Alegre sairá de máximas perto de 40ºC hoje para 26ºC ou 27ºC amanhã, se não menos em razão de chuva.
O ingresso do ar frio deve se dar com vento moderado a forte do quadrante Sul no Rio Grande do Sul e no Leste de Santa Catarina ao longo da quinta-feira. Atenção: não se trata de vento de temporal, mas o que todos nós estamos acostumados a ver quando cai a temperatura nos meses do outono e do inverno. Recordando que ar frio em janeiro não significa propriamente frio e sim alívio do calor com noites mais amenas e tardes mais agradáveis na maioria das cidades. O vento Sul soprará entre 40 km/h e 60 km/h na maioria dos municípios durante a quinta com rajadas mais fortes em pontos próximos da costa ou de lagoas. TEMPORAIS FIZERAM ESTRAGOS EM VÁRIAS CIDADES ONTEM O ar quente voltou a trazer mais um dia de tempestades isoladas na tarde e noite da terça-feira no Rio Grande do Sul com danos em diferentes municípios.
As ocorrências se concentraram em cidades da Metade Norte gaúcha, mas houve alguns temporais bastante localizados também em Santa Catarina e no Paraná. Em Cruz Alta, um violento vendaval atingiu apenas alguns bairros da cidade e causou queda de árvores, destelhamentos e o desabamento de estruturas como decorações e fachadas de empresas. O bairro mais atingido em Cruz Alta foi o Bonini I. Um vídeo, gravado dentro de uma concessionária de maquinário agrícola, mostra a força do vento possivelmente associado a um downburst, tal como ocorrido na véspera em Iraí.
Outro temporal com estragos se deu no Vale do Taquari. A tempestades do fim da tarde causou transtornos e danos no município de Encantado. Parte de um telhado de zinco se desprendeu, foi levado pelo vento e caiu na Rua Júlio de Castilhos, Centro da cidade. Além disso, árvores caíram e bloquearam parcialmente a ERS-129. Mais de 30 mil clientes ficaram sem energia no vale.
O Noroeste voltou a ser castigado por tempestades localizadas na tarde da terça. Em Horizontina, no interior do município, localidades como Bela Vista, Lajeado Coqueiro, Lajeado Seco, Esquina Figueira registraram ocorrências devido ao vendaval. O vento forte derrubou galpões e chiqueiros de pequenos produtores. Em Bela Vista, pavilhão usado para criação de gado confinado teve seu telhado arrancado pela força do vento. As folhas metálicas retorcidas ficaram presas em árvores de uma mata próxima e uma das partes voou com o vento a cerca de 150 metros, parando nas margens da RS-305, por pouco não atingindo um veículo.
Em Palmeira das Missões, o vento arrancou a estrutura do estádio Luciano Ferreira Martins, do Palmeirense. Algumas telhas chegaram a atingir algumas residências nos arredores. RGE e Corpo de Bombeiros foram acionados. Bombeiros receberam dez comunicações de destelhamentos de casas na cidade e atenderam a diversas ocorrências de quedas de árvores em rodovias da região.
Na Serra, diversos bairros de Bento Gonçalves sofreram com um temporal na tarde da terça-feira, 25. Além da queda de árvores, causadas pelas rajadas de vento, houve destelhamento de parte do pavilhão de uma empresa nas proximidades da BR-470. Houve quedas de árvores nos bairros São Francisco, Universitário, Borgo e no Loteamento Vinhedos, além de chamados nos bairros Progresso, São João, Botafogo e Linha Zemith.
Fonte: MetSul
