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A suspensão da exportação de carne bovina brasileira para a China segue em vigor, após dez dias da confirmação de dois casos de “mal da vaca louca” em Minas Gerais e no Mato Grosso. Agora, a Arábia Saudita também suspendeu a compra de carne de cinco frigoríficos mineiros, sem previsão de quando os negócios serão retomados. Só em agosto deste ano, o Estado exportou 15,2 mil toneladas de carne para os dois países, equivalentes a US$92 milhões, segundo dados do governo federal. A Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) e a iniciativa privada, porém, não arriscam medir os eventuais prejuízos que a paralisação atual pode causar. 

Da última vez em que a China paralisou as exportações, também devido à “vaca louca”, em 2019, a suspensão durou 13 dias. Por ora, entretanto, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) afirma que não tem previsão de retomada. A situação se repete com a Arábia Saudita: há reuniões de negociação ocorrendo, de acordo com o governo brasileiro, mas ainda não se chegou a uma data para o retorno das vendas.

Entre cerca de uma centena de frigoríficos brasileiros habilitados pelo governo saudita a exportar carne bovina para o país árabe, somente os mineiros foram afetados, com plantas em Campo Belo, Carlos Chagas, Contagem, Ibirité e Pará de Minas.  De acordo com o secretário geral da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, Tamer Mansour, a suspensão ocorreu somente no Estado porque os animais que tiveram sintomas seriam abatidos em frigoríficos mineiros. 

“É uma decisão de precaução e nenhum outro país árabe se posicionou, além da Arábia Saudita. Não vejo perigo para o Brasil sofra outros fechamentos no futuro próximo”, diz. O representante diz ainda não vislumbrar uma data para o final da suspensão. Em 2019, a última vez em que o Brasil havia registrado casos de “vaca louca’ atípicos, os sauditas não chegaram a interromper a exportação.  

A Plena Alimentos, em Pará de Minas, foi uma das afetadas, mas não revela qual é o impacto financeiro da mudança. “A empresa adequou sua produção para atender outros países e o mercado doméstico, reduzindo os impactos produtos e financeiros em suas operações”, diz, por meio de nota.  

O presidente da Associação de Frigoríficos de Minas Gerais, Espírito Santo e Distrito Federal (Afrig), Sílvio Silveira, minimiza o impacto da suspensão sobre os negócios mineiros. “O volume significativo de exportações é para a China, que esperamos que não demore a acabar com a suspensão. Ocorrendo essa liberação, tudo volta ao normal”, pontua. Hoje, os sauditas são o nono país que mais importa carne bovina do Brasil. 

Entressafra

O analista da gerência técnica da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg) Walisson Lara completa que a paralisação de exportações ainda não tem impacto sobre os preços da carne devido à entressafra do item, cuja oferta está baixa neste momento. 

“Se fosse um momento de safra, de grande oferta, seria uma catástrofe para toda a cadeia. Mas, agora, nosso mercado está muito sustentado pela queda da oferta. Será que há um jogo de interesse nas suspensões para jogar os preços para baixo? Neste momento, não é possível achatar esses preços”, conclui. 

O professor de relações internacionais do Ibmec Dorival Guimarães avalia que as suspensões sejam pragmáticas e aposta em uma retomada nos próximos dias. “O Brasil é o maior exportador do mundo e é o primeiro interessado em manter o grau de profissionalismo. Os outros países sabem que ele cumpre as exigências necessárias e devem levantar os embargos com a maior brevidade”, diz.