Dificuldade em conseguir carro, tempo de espera maior, sucessivos cancelamentos de corridas já aceitas, além de aumento nos preços. Esses são alguns problemas percebidos nas últimas semanas, relatados por usuários da plataforma de transporte por aplicativo, em Juiz de Fora.
Débora Correia é microempreendedora e utiliza o aplicativo pelo menos três vezes por semana para o deslocamento de casa ao trabalho.
“O motorista chegava, em média, três minutos após o chamado. Atualmente o tempo de atendimento chega a 15 minutos, sem falar no alto índice de cancelamentos. Esta semana, em um único chamado foram três cancelamentos”, conta.
PREÇO DINÂMICO
A microempresária também relata alteração no preço. “Hoje, o valor da corrida está cerca de 20% maior e o pior é que o chamado preço dinâmico – quando o valor do quilômetro rodado é reajustado quando a demanda por corridas aumenta – está sendo utilizado quando a corrida já está em andamento”, relata.
Experiência semelhante teve o engenheiro civil João Victor de Souza Bezerra. Morador do Bairro Santa Efigenia, ele utiliza o aplicativo de transporte com frequência.
“O que eu tenho percebido é uma diminuição na quantidade de carros do aplicativo circulando, apenas isso pode explicar a demora no atendimento. Além disso, percebo que os motoristas agora ficam ‘filtrando’ as corridas, dispensando aquelas de valores menores ou até esperando que o preço dinâmico passe a vigorar e, só aí, aceitar o chamado”, relata.
João Victor começou a perceber esses problemas nas últimas semanas. Ele ressalta também o grande número de corridas canceladas pelos motoristas, o que faz com que o usuário precise solicitar outro carro e esperar mais um bom tempo até conseguir ser atendido.
“Percebo também que o valor raramente coincide com o ‘acertado’ quando a corrida é aceita. Como pago com cartão de crédito, o valor anterior é cancelado e um novo é cobrado, geralmente maior”, relata.
MOTORISTAS ABANDONAM PLATAFORMA
A ex-motorista da Uber e empreendedora Franci Cavalcante passou quase um ano rodando 12 horas por dia, até parar com a atividade cerca de dois meses atrás.
Ela revela que o motivo é o valor ganho com as corridas, que não estava mais compensando. “Eu tinha uma confecção, que acabei fechando por conta da crise. Na época, escutei que fazer Uber dava dinheiro, aí peguei meu carro e comecei a rodar de 5h30 a 18h”, conta.
Além dela, o irmão, que também fazia corridas, rodou pela última vez esta segunda-feira (30) e entregou o carro que alugava apenas para a atividade.
“Trabalhando 12 horas por dia, eu já ficava feliz quando conseguia R$ 200. Mas aí foi ficando cada vez mais difícil e não compensava mais, imaginava quem tinha carro alugado. Quase ninguém que começou continua”, afirma Franci
Ela ainda aponta que as desistências têm acontecido quase em massa, impulsionadas também pelo aumento da violência contra motoristas de aplicativos. “Conheço vários casos, de roubo a assassinato, com pessoas que eram do mesmo grupo de motoristas que eu. Por conta dos preços e dos riscos, acabei voltando pra área de confecção, que também é um ramo muito competitivo”.
POSICIONAMENTO DA UBER
Em nota, a Uber atribuiu os problemas reportados por usuários à demanda maior por conta deste período.
“No fim do ano, quando há mais pessoas se movendo pelas cidades e solicitando mais viagens pela Uber, é normal que o tempo de espera aumente. Por isso, a orientação é que os usuários se programem com antecedência para evitar atrasos. Todas as viagens feitas pela plataforma da Uber seguem um padrão de segurança que inclui, entre outras ferramentas, a verificação do uso de máscaras através de uma selfie para garantir que todos, motoristas parceiros e usuários, façam as viagens da forma ideal”.